"Ele não vai estar lá", disse o grilo falante, "é tarde demais".
Pinóquio não ouviu, estava rezando pra que ele estivesse lá, no lugar onde o havia deixado.
Ele correu como só havia corrido uma vez antes.
Corria pra ser de verdade, se sentir de verdade.
Mas, enquanto corria, Pinóquio foi entendendo aos poucos que ser de verdade não era necessário. Foi entendendo que ele era de verdade, tanto quanto qualquer outro.
Mesmo assim, ele continuou a correr, receoso de perder a chance de se sentir daquele jeito de novo, pinóquio teimoso.
Ele correu tanto quanto pôde, então ficou encarando o nada, se sentindo vazio como nunca havia se sentido antes.
O trem havia partido para a estação F, sem previsão de volta.
P.S.: Pinóquio vai aprender a lidar com isso, não se preocupe.
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