Imagem: Atli Harðarson
O casal de mãos dadas na estrada me causa angústia. Vem, mira-se no vidro. Eu sou o reflexo. Mão esquerda, mão direita.
Abraço. Beijo. Dedos entrelaçados. E eu observo, do vidro, como tudo deveria ser.
O nariz passa pelos cabelos, rosto. Os lábios pousam logo abaixo da orelha. Eu queria saber que cheiro é esse, sou só um reflexo.
Poesia e risadas, há tanto ali, tanto a ser dito, a ser feito, que eles de entregam às futilidades, nós nos entregamos às futilidades, pra não arruinar o tempo.
Mas o tempo acaba, feito uma tarde de abril, some.
Eu-reflexo observo eu-gente. Sou eu, observando.
Assistindo ela ir embora, afastar-se. E então posso voltar a ser quem sou. Até a próxima vez em que tiver que mentir.
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