Imagem: Chris Campbell
São 8:30 de uma manhã amarela e febril. A voz do meu pai me faz perguntas que não posso responder e um pedaço de idéia começa a se formar: "vou matar aula, vou voltar pra casa e ler até adormecer".
Ele chega e me olha, por um breve instante eu percebo que, talvez, os olhos dele também sejam azuis. Talvez sejam de todas as cores possíveis. Aposto que só o oceano tem uma cor como essa.
Ele fala com o homem ao lado dele e eu tento ouvir, mas o som da sua voz não chega até mim.
Ao contrário do cheiro de seus cabelos, que chega em leves ondas cheirando a folhas verdes recém arrancadas.
Estendo a mão para tocá-lo uma, duas vezes. Não posso. O que diria? "Me desculpe pela noite passada, eu não quis machucar você"?
Eu não sei, talvez isso sirva.
Quando estou prestes a tocar sua camiseta branca, ele corre e se enfia num ônibus 16, sem olhar pra trás.
Me deixou com um ponto de interrogação sobre a cabeça, de novo.
Talvez haja muito mais significados ocultos nesse mundo bicromático em que vivo.
Não seria bom se todos estivessem errados sobre nós?
Todos os 99,8% do mundo. Inclusive eu.
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