Imagem: santheo
Durante nosso primeiro beijo, meus dedos congelaram, eu senti um frio enorme, tremi.
Você segurou meu rosto "o que você quer de mim?"
- Um terremoto.
Escrevi sobre você todos os dias, dediquei tantas coisas a você, amei você em todos os seus aspectos, amei cada pedaço, cada defeito, cada suspiro.
- Mas você me amou no papel, B. É muito lindo, muito poético, mas não é real.
Eu te amo com a traquéia, dedos, pernas. Te amo com minhas roupas, meus colares, Te amo nos dias frios e quentes, te amo com chuva e fumaça e com as dimensões.
Eu te amo com as rimas, te amo com sangue, com vento e vidro. Eu te amo com tudo o que é real. Então como você pode dizer que não é? Como pode não ser?
Ele empilha seus livros em uma caixa e eu observo a tudo, zumbificada. Engulo as sensações amargas, o desespero e a vontade de prendê-lo de encontro à parede.
Ele sai. Escrevo.
Eu te amo com a vida, com a morte e os limões. Te amo com os vermes e as pedras. Te amo com os livros e com as vitrines. Com lenços, tintas e filhos. Com meu útero frágil e minhas unhas firmes. Com meus olhos velhos e minhas veias entupidas.
Com meu coração alado e os ponteiros do relógio.
Mas não faz diferença se essa minha realidade se perde nos vermelhos cabelos pretos de uma Assia que não existe.
Em que lugar está escrito que a sua realidade é mais real do que a minha?
13x22 Os últimos românticos (Season Finale)
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