Imagem: TingTing Huang
Caro Otto,
escrevo pra perguntar se sentiu a minha falta. Ao menos percebeu a minha ausência, como um velho detalhe comum, subitamente apagado?
Pra você também parece que o frio e o escuro ficaram mais intensos? Suas noites também ficaram mais longas?
Eu acho que você nem percebeu ou, se percebeu, já faz tanto tempo que nem faz diferença.
Às vezes, caminho pelas nossas ruas e me pergunto o que é que nos manteve separados. Descubro que não sei. Acredito, desconfio, que sejam pequenos detalhes, aparentemente insignificantes, mas essenciais.
Uma palavra, um gesto, postura, segundos, me prendendo aqui no meu quarto minúsculo, me impedindo de gritar o seu nome e segurar sua mão.
Você, felizmente e provavelmente, não pensa nisso. Nem notou meu sumiço ou a falta dos meus olhares. Eu era tão quieta, tão invisível.
Fomos separados por paredes, pessoas. Acho até que vivemos em mundos diferentes.
Acho que, se eu falasse com você, você nem ouviria. Só eu vejo você, só eu te escuto.
Você sente que falta algo, que falta alguém? Uma figura conhecida, suéter roxo e olhar assustado, talvez?
Não, você não sabe do que estou falando. Não sabe que eu existo.
Mas eu sei que você existe.
Isso basta, por ora.
Com amor,
B.
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