Imagem: TingTing Huang
Chegou um momento em que poucas partes do meu corpo não tinham números desenhados.
Um momento em que, por mais que eu esfregasse, a tinta não saía por completo, persistia nos ombros, braços, mãos, pernas, pés, barriga, seios, pescoço e rosto.
Eu não era mais nada além de números, uma ideia abstrata. Isso me acalmava.
Houve uma época em que eu não dormia se não tivesse desenhado em cada centímetro das minhas pernas.
Eu sentia que os números podiam, podem, manter meus pensamentos aqui.
Aqui onde?
No cotidiano. Estudo, comida, família, a ideia do amanhã. Rotina.
1 2 3 4
Uma amiga disse "Parece feitiço".
E eu ri,
mas é feitiço. É pra me manter aqui.
Pra me impedir de pensar demais e acabar
descobrindo o que eu sou de verdade.
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