Imagem: TingTing Huang
"Sua doença não é física, é sociológica"
Então, a vida é só isso?
Eu nasci pra ser melhor do que algum parâmetro estabelecido por adolescentes.
Cresci sem sonhos, treinada pra não abaixar a cabeça, pra bater de volta, pra superar a nudez, a feiura e aguentar o frio e a dor nos joelhos.
Me vendaram, alimentaram e ensinaram pra me libertar, pra algo grande, pra isso. Só isso? É isso a vida?
E quanto tempo demora pra eu começar a fingir que sou normal, que sinto as coisas como todo mundo sente? Aí encontro alguém que devo amar - mas não do meu jeito, que é errado e subversivo, obsessivo e assustador -, do jeito certo, sem grandes emoções, talvez alguém que eu já conheça, alguém pra quem eu nunca vou contar sobre Otto, sobre Berenice, sobre mim - que, na vida, todo mundo tem segredos.
Terei filhos, talvez, se acharem que devo, se não for só a continuação natural disso.
Servirei a sociedade como devo, ajudarei pessoas, desejarei coisas, mudanças.
Envelhecerei.
Tudo como deve ser, tudo como foi planejado.
Sem arrependimentos, é claro.
Não é como se houvesse alguma outra opção.
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