(Inspirado na poesia "She had some horses", de Joy Harjo)
Ela tem alguns cavalos.
Alguns são feitos de luz, outros de som.
Ela tem cavalos que sorriem e cavalos que choram.
Ela tem alguns cavalos. Cavalos vivos e mortos.
Ela tem cavalos que desaparecem e vão embora quando querem e tem cavalos presos a ela, acorrentados.
Ela tem alguns cavalos.
Alguns cavalos são fúria, dor. Outros cavalos são amores vencidos pelo tempo e pela realidade.
Ela tem alguns cavalos. Ela tem cavalos que queimam, que mordem e que gritam. Cavalos que sussurram e conhecem seus sonhos e medos.
Ela tem alguns cavalos. Cavalos que são ecos de memórias antigas e gastas.
Cavalos machucados e aleijados, esperando pelo sacrifício.
Ela tem alguns cavalos.
Cavalos cheios de segredos, cavalos tímidos demais pra se deixarem ver.
Ela tem alguns cavalos.
Cavalos que sabem tudo o que há pra se saber, cavalos capazes de coisas grandiosas.
Ela tem cavalos dóceis e cavalos ariscos.
Cavalos complexos e cavalos simples.
Cavalos que nunca mais vão voltar, cavalos feitos de poeira de tijolo e sangue.
Cavalos divinos e cavalos mortais.
Cavalos que ama e cavalos que odeia.
Cavalos fortes e cavalos fracos.
Esses cavalos eram os mesmos cavalos.
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