Imagem: TingTing Huang
Caro Otto,
tenho pensado em você.
Sinto a sua falta. Não daquele jeito, acho que só ando solitária.
Vai ver é essa lua cheia, enorme, me manipulando feito maré.
Ou vai ver sou eu mesma, e meus sentimentos que vão e voltam.
Eu queria, de verdade, muito mesmo, sair com você pra tomar sorvete. Só isso. Sentar na calçada pra te explicar as coisas, pra te ouvir falar da tua vida, do trabalho, dos estudos.
Eu te contaria sobre essa música, sobre essa soundtrack maluca que domina meus dias.
Sobre as músicas das pessoas.
Tocaria o teu braço, e te explicaria umas coisas sobre Beirut.
- Paciência, você diria, você precisa esperar, é a vida.
E daríamos de ombros.
Eu te contaria sobre todas essas sensações girando no meu estômago,
lagartas ainda, encasuladas,
esperando,
esperando.
- Esperando o quê?
Eu não sei. Eu nunca sei.
Não quero me apaixonar ainda, agora não,
ainda é cedo.
Estou me percebendo.
Eu tocaria seu rosto,
minha mão seu rosto
eu estou me percebendo.
Sinto a sua falta.
Não como parte de mim,
não sinto falta daquele nosso relacionamento impossível,
romanticamente bizarro
cheio de silêncios e corações saindo pela boca,
perfeito e triste.
Mas sinto sua falta.
Da sua presença real, suas pernas,
seus cabelos,
seu silêncio, é.
Um dia desses,
vou desejar te ver.
Vou te encontrar pelas ruas da cidade,
e te olhar da maneira mais intensa que puder.
Não vamos nos falar, é claro,
como se estivéssemos cumprindo uma promessa feita no meio de uma daquelas noites no meio da rua.
Mas eu vou matar a saudade.
Vou olhar pras tuas costas,
até você sumir no horizonte,
sem olhar pra trás.
Com amor,
B.
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