Imagem: TingTing Huang
Eu quero me apaixonar.
Não pelo calor debaixo das cobertas num sábado frio,
nem pelo personagem principal da série de TV,
nem pela cor do esmalte favorito de alguém.
Eu quero me apaixonar por alguém.
Uma vontade sofrida,
desesperada,
que só pode ter as motivações erradas.
Me esforço,
converso,
vou a encontros mal sucedidos,
ando por aí cega, deslumbrada,
eu tô tentando.
Desesperadamente.
Educo minha mente com as músicas românticas, os filmes de sessão da tarde,
eu quero me apaixonar
eu quero me apaixonar,
quero sufocar meu cinismo e me fazer acreditar que existe mesmo esse tipo de amor que os filmes pregam.
Eu quero me apaixonar.
O horóscopo me prometeu isso, as estrelas me deixaram mensagens dizendo que aconteceria
E eu acreditei.
Com mais fé do que já acreditei em qualquer coisa no mundo.
Me prometeram uma paixão pra setembro,
mas já é novembro.
E eu
Eu quero me apaixonar.
Eu preciso.
Uma carta no tarô me diz que vai acontecer e eu espero,
eu espero
eu espero
Eu acredito tanto, tanto
Nada acontece.
Digo a H, histérica,
jurando ódio às mulheres estrelas,
à Mãe, à Donzela, à Morta,
ao amor e todo o resto.
Aí ele me diz
exatamente o que preciso ouvir.
Isso é quem eu sou.
Essa fé estranha em mulheres que lêem as mensagens que as estrelas mandam,
eu sou a Ashling sem o buda da sorte, com toda a dor do mundo.
Eu sou tão boa quanto posso ser.
Gosto de livros e de ficar em casa.
De batatas fritas, cozidas e de todos os tipos.
Eu gosto dos meus pés.
Eu acredito em horóscopos, eu sou uma descendente profissional.
Não sou boa com diálogos, nem gosto de filmes, nem sei tudo o que há para saber sobre nada.
E estou bem assim.
Eu me sinto ótima.
E não quero mais forçar as coisas.
Eu quero ficar em casa, sim, ficar em casa
Eu quero fazer as coisas do meu jeito, eu quero dançar feito uma maluca, eu quero me vestir como quiser, eu quero gostar de ser quem sou, e eu quero que gostem de mim por isso.
Não porque eu me esforcei pra ter um assunto pra falar,
porque eu me arrumei toda
ou só porque eu conheço a droga de um livro.
Eu sou incrível.
E, sei que parece estúpido, caro leitor, mas é muito difícil pra mim aceitar, dizer ou entender isso.
E eu não percebo, na maior parte do tempo.
Mas eu sou bem legal.
E existe muita coisa que as pessoas não sabem sobre mim. Nem mesmo você.
Espero que, um dia, alguém se interesse o suficiente pra tentar descobrir tudo.
- Você acredita em destino? - ele me perguntou.
E eu disse que sim, embora fosse horrível, porque é tão inalterável.
E ele me disse pra pensar nisso de outra forma, daquela forma incrível dele,
sobre esperar coisas boas.
Tem algo aí pra mim,
tem alguém aí pra mim.
E eu acredito nele.
Eu acredito.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário