Imagem: TingTing Huang
Eu escrevo para que você veja.
Nas paredes, no meu corpo e nas páginas dos livros da biblioteca.
Eu deixo post-its e cartazes, e mensagens, subliminares ou não.
Eu escrevo nas paredes brancas do meu quarto, nos espelhos dos banheiros da faculdade e no chão das salas de aula.
Usei minha chave pra escrever no seu carro e depois na pele das pessoas que você conhece.
Mas você não sabe ler meu idioma, ou não quer ler, e eu costumava não me importar.
Sem dó, eu injetava você em mim todas as noites,
pra me queimar as veias,
pra ver o mundo pelos seus olhos,
pra me ver pelos seus olhos.
Eu quebrei as regras,
Todas elas, cada uma delas, pelas suas migalhas,
pra proteger o seu ego,
pra proteger o seu apego
e o seu costume.
Pra me proteger da solidão e, Deus me perdoe,
do amor.
Todas as histórias têm dois lados
e a nossa não é diferente.
Mas eu não quero mais conhecer o seu.
Acabou, está tarde, e eu preciso voltar pra casa.
Eu preciso comer.
Eu preciso dormir.
Eu tenho coisas por fazer,
e eu não quero me afastar de você.
E você não me pede pra ir embora.
Você não me pede pra ir embora.
Por que?
Eu preciso comer
Eu preciso dormir
Eu preciso seguir em frente.
E você não me pede pra ir embora,
mas eu não sei o caminho pra casa.
Quero uma overdose de você, toda a dor do mundo e uma touca vermelha pra sinalizar minha dor.
Porque você não me pede pra ir embora?
Quero dizer
Se você quisesse que eu ficasse
teria dito.
Mas você não me pede pra ir e parte de mim agradece por isso.
Porque eu preciso comer
preciso dormir
preciso ir
mas eu quero ficar
eu quero ficar
e é por isso, aşkım*, que eu
estou me pedindo pra ir embora.
Está mais do que na hora.
35x03 *"It means 'my love'"
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