42x11 Amortentia ou coisas nas quais eu penso enquanto dirijo pra casa sozinha

Imagem: TingTing Huang

(Quem me conhece, sabe)

Não.

Eu amo você.

Você me diz que isso tem cura,
e me dá remédios, me dá comprimidos pra dormir, pra acordar, pra pensar,
mas você não me dá amor.

E eu só quero amor.

Eu só quero amor, o seu.
Fugir pras colinas, correndo, largue tudo, seu marido e sua vida,
eu sei o que você quer.

Eu sei que você me quer.

Mas você me diz que não. Que não me quer. Que não vai deixar seu marido.

Ele te mandou dizer isso?
Ele está tentando nos separar?

Eu aperto seus braços com força, e te machuco.
Mas não foi minha intenção, eu só
Eu só quero que você saiba que eu me importo.

Mas você me diz que não podemos mais nos ver.
E o que é que eu vou fazer se eu não puder mais te ver?
Eu morro.
Eu morro.
E eu sei que você também.

Não, não,
isso não é uma ameaça, meu amor.
Eu jamais
jamais
te machucaria.

Eu te amo.

Desde a primeira vez em que te vi.
Você lembra daquele dia?

Como eu te perguntei pra onde você ia
e você sorriu.
E você me amou também.
À primeira vista, como nos filmes.

Eu nunca acreditei em amor, mas eu acredito agora.
Eu sinto.
Intenso,
Queimar cada pedaço do meu corpo.
Você queima.
Você machuca.

Eu sonho acordado com seu corpo,
eu não consigo trabalhar,
eu não consigo dormir,
eu não consigo me concentrar.

Eu só consigo pensar no momento exato em que ficaremos juntos,
longe daqui,
longe desses remédios que você me diz pra tomar e eu só finjo que tomo,
porque eu sei o que é melhor pra nós dois,
eu sei.
E você também sabe.

Eu te amo.

Você me diz,
que isso tem cura,
mas eu leio seus pensamentos,
eu decifro suas expressões
e eu sei que você tem medo de que tenha cura.

Não se preocupe, meu amor,
não tem.

Porque não é doença.

Não tem cura,
eu vou te amar pra sempre.

Talvez até depois disso.

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