46x16 The floor is acute mania

 

Imagem: TingTing Huang

Boca seca, bebo água, copo meio cheio, metade água, metade medo. 

Surgiu aqui, na minha mente, solo fértil e não faço questão da rima, brotou uma semente, 
floriu um pensamento ácido e sombrio, feito o eu que você ama no escuro. 

Como se esse eu da penumbra visse a luz do dia, finalmente, de dentro de mim. 

Uma fera acuada, mas não enjaulada. 

Acorda e vê o mundo, pela primeira vez, em silêncio. 
Uma miríade de sons, cores, dores, o cheiro de

Ela cora, confusa, milhões de informações em um segundo. Circulando aos pares, 
um beijo,
uma  cor,
uma cidade, uma dor, 
um homem. 

Em círculos, cirandas, voltas rápidas e inodoras, 
1, 2, mil voltas. 

E eu aqui, eu agora, eu presente, passado e futuro, 
tudo numa só, 
eu me lembro de já ter me sentido assim. 

Também me lembro de não me sentir assim, 
e eu nunca mais quero nada diferente disso. 

Eu sinto como se tivesse ainda 20 e poucos anos, e fizesse frio, um tempo nublado, e brasília tivesse cheiro de nuvem.
Como se eu tivesse alguém pra olhar e sua mão pra segurar depois da aula. 

Como se essa sensação pudesse salvar o mundo inteiro e ninguém mais precisasse sofrer. 

E eu juro, eu não vou dormir, 
eu vou ficar acordada, eu não preciso dormir, 
até você voltar, até tudo se encaixar, até 

até tudo parar de girar.

Não me deixe sozinha hoje, 
não hoje, 
falta pouco.

Eu posso sentir. 

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