Imagem: TingTing Huang
Besta em guarda, anda pelos corredores de um castelo submerso, carregando um molho de chaves, flutuando, sob a luz do luar.
Às vezes, ela se veste, às vezes, flutua nua, de corredor em corredor.
Para em frente a cada porta, confere a tranca, retranca, 01, 02, 03 voltas de chave.
Nunca entra, nunca dorme, nunca come.
Só tranca, Cila, sempre fecha uma por uma e, depois que termina, volta a fechar.
Noite alta, água morna, Cila passa, trancando, 01, 02, 03 voltas de chave. Tranca portas há muito emperradas.
No fim do corredor, uma réstia de luz nova.
Cila gela.
Corre-flutua, o molho de chaves balançando preguiçoso em sua mão.
Anda-corre pelo chão de madeira morta até chegar bem perto da porta recém destrancada.
Puxa forte a maçaneta pra si, e ela não cede.
Puxa, puxa, puxa, tensiona os pés, o pescoço, puxa com todo o corpo, uma força de leviatã, até fechar.
E tranca, 01, 02, 03 voltas de chave.
Pronto.
Tudo certo.
Suspira, assustada, por um instante.
Depois, volta ao trabalho,
e tranca
e tranca
e tranca.
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