Imagem: TingTing Huang
Ele estava sentado na banheira. Água, álcool, gelo e limão, os cheiros se misturando no ar, fazendo arder meu nariz.
Me sentei no vaso sanitário, e comecei a desembaraçar seus cabelos.
- Você sente dor?
- Não.
- Medo?
- Não.
- Fome?
- Não.
-Você consegue sentir alguma coisa?
- Eu amo você, ele diz.
Mas é triste.
Amor nem sempre é bom.
Não desse tipo, não a esse ponto.
Passo a mão nos seus cabelos, no seu rosto frio.
- Você sente isso?
- Eu não sinto nada. Eu só-- Eu só amo você. É complexo. Eu tento pensar, eu tento entender o que você diz, o que sinto, o que quero, o que houve. Mas só consigo pensar em você. Não consigo me lembrar de como era antes de pensar em você, eu só sinto essa vontade incontrolável de estar com você, de falar com você, te ver, te ouvir.
- Era isso o que você queria?
Não respondo.
Ele segura minhas mãos, se vira pra me olhar, pra me ouvir, o rosto branco feito cera, as pupilas mais dilatadas do que achei que fosse ´possível.
- E você? Sente dor, medo? Fome? Consegue sentir alguma coisa?
- Eu amo você, digo.
- Espero que isso seja o suficiente, dessa vez.
É, eu também.
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