Imagem: TingTing Huang
Ok, respire.
Eu beijo a sua boca, enfio meus dedos entre os seus cabelos, eu quero coisas, tantas coisas que meu corpo pede, os astros pedem, mas a mente condena, reprime, penso em morder a tua boca, mas não quero te assustar, eu não quero te afastar.
Não agora, ainda não, eu toco o seu braço, tô flertando, oh céus, não consigo controlar a porra do flerte, dou uma risada de algo que não entendi, eu olho nos seus olhos e entreabro a boca.
Vem.
Eu não quero fazer isso.
Em algum lugar da cabeça, eu sei que quero ir para casa assistir seriados e ouvir músicas.
Mas ela não deixa e eu mordo o seu queixo, enquanto você respira fundo, se afasta um pouco, você tenta me tirar do meu transe e isso só me deixa mais excitada.
Eu quero te tirar dos eixos e não quero querer isso, quero querer te deixar em paz, feliz, estável.
Mas também quero quebrar seus ossos, devorar o seu corpo.
Por que?
Eu não quero você, não quero te levar pra casa ou te ouvir falar de amor.
Mas eu quero.
Eu quero estragar você, arrancar seus olhos e enfiar meus dedos entre os giros do seu cérebro, eu quero sugar a sua energia vital, destruir tudo em que você acredita, então eu beijo o seu pescoço e puxo o seu rosto pra perto, encosto o meu corpo no seu até que você perca o controle.
Mas você não perde o controle e isso me dá mais fome, me deixa ansiosa e letal.
Eu paro, me afasto, eu finjo, eu manipulo, uso as suas palavras, que saem da minha boca tão vazias quanto eu me sinto, quase mortas, mas eu imprimo nelas a fome pela tua boca e você acredita e me consola e me beija e se doa com tanta intensidade que eu percebo
perdeu a graça
você já é meu, mas eu não posso ser sua.
Eu não posso ser nada além disso e eu não quero mais ser outra coisa.
Eu cansei de significar e de gostar, de querer ficar.
E você me beija, faminto, transbordando sentimentos, sensações,
sua língua procura a minha sem parar, as suas mãos me impedem de escapar, mas não de me desintegrar.
E eu me desintegro em pequenos pedaços e tudo o que sobra é você, vazio, traído, amargo
Só.
Pisco os olhos duas vezes, saio desse devaneio ridículo e solto a sua mão, me despeço,
te deixando confuso, inseguro.
Eu tô tentando te ajudar, moço.
Não me dê bola.
Se você me estender a mão, prometo devorar teu braço.
Não sei fazer de outro jeito.
Desculpe.
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