Imagem: TingTing Huang
Acuados, perseguidos, famintos, pressionados,
corremos.
Enlouquecidos, matamos às cegas, derramamos sangue inocente, bebemos à saúde de velhos demônios há muito guardados em baús.
Rasgamos o peito de amigos e inimigos, irmãos e filhos, sem pudor algum, aleatoriamente.
É tarde,
corremos, armados até os dentes, insatisfeitos e assustados, mortos de medo da morte e da vida.
Uma garota de vermelho me arranca um olho pra que eu nunca mais durma e eu te rasgo no meio, eu te rasgo em mil pedaços e tomo banho no seu sangue com cheiro de limão.
Sangro, sangue verde, ácido, e pulo obstáculos, urro de dor e de vontade, sede de sangue, medo do frio, instinto puro e febril, pavor de ficar só, teu nome me cega e eu percebo que te esqueci por uma hora inteira, um dia inteiro em que estive correndo e calando os gritos das pessoas com murros e mordidas, com meu sangue.
Eu me sento, ao final do dia, ofegante, suja de sangue azul e vermelho escuro, roxo, e assisto ao nascer do sol, outro sol,
só mais um sol,
sob a montanha de corpos de pessoas que eu não me lembro de ter ferido.
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