Imagem: TingTing Huang
Gosto do escuro. O escuro na sua boca, o escuro da suas pupilas, o escuro dos cantos do seu corpo, nas notas da sua voz sussurrada e nos pigmentos da sua pele e pelos.
O tom violáceo da primeira luz da manhã que vejo de dentro do seu carro, hematomas e pequenos machucados de bater em portas, quinas, e sua língua roxa depois de beber suco de uva.
Gosto da luz das lâmpadas fluorescentes refletidas nas suas unhas, da luz e sombra das curvas do seu corpo.
Gosto das luzes que piscam quando você abre e fecha as mãos, as luzes no seu rosto, nos seus dedos, o gosto de luz na tua boca, joelhos e orelhas. A luz da tua voz
A sombra da tua ausência. A luz nas pontas dos teus dedos, no teu cheiro.
A escuridão das tuas mágoas, da parte do teu passado que desconheço.
Tem luz no calor do seu corpo, tem escuridão no aconchego do seu abraço, luz na textura da sua boca, luz nas conjunções, pronomes, no teu número, nas tuas vírgulas,
e tem escuridão na sua força, nos lugares onde o nós se esconde, onde o você e eu fica guardado.
Tem luz nas suas fotos infantis, na risada infantil que te vejo dar quando você se empolga, tem luz na maneira como você abre as portas, nos seus ossos.
Em tudo isso há sombra, ganhando espaço, ganhando voz, manchando nós dois.
Luz e escuridão se chocam, discutem, se abraçam, enquanto eu observo, assustada, maravilhada,
você me diz
- Acenda a luz. Eu quero ver a sua luz também.
Eu até tento, homem,
clic clac no interruptor,
clic clac,
mas a luz não acende
não tem luz.
Eu sou o que você vê.
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