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Imagem: TingTing Huang

Minha gipsy põe as cartas na mesa.
Rei de espadas, de novo.

Eu tô pensando no que importa de verdade, no que importa agora.

É maio, a gente tem que pensar nas coisas, tudo tem que mudar, se eu quiser que mude, certo?

- Mas você quer?, ela pergunta.

Eu quero.
Que loucura, eu quero.

Eu quero exatamente esse momento, e eu não quero mais esperar por ele porque ele pode estar esperando por mim.
Eu quero o ponto fixo no tempo onde "Espere" adquire um significado mais amplo.
Eu quero pegar meu carro e ir até a sua casa.
Eu quero ver o pôr do sol na chuva e me lembrar do seu nome.
Saber o gosto da sua boca de cor.
Eu quero dirigir enquanto você dorme, pra longe de tudo, te deixar bilhetes em lugares secretos e te mostrar minha canção favorita.
Vamos tomar banho no escuro,
e eu vou te contar um segredo que nunca contei a ninguém.
Não, não, não. Eu não posso deixar que você desperdice a oportunidade.
Vai doer no final, sempre dói.
E eu tô com medo também,
mas me dá a sua mão.
Senta comigo na calçada e não volta pra casa até amanhecer.
Eu vou te proteger do mal e do escuro, das fadas malvadas que comem crianças e do que fica à espreita quando você acorda no meio da noite, eu vou derrotar os monstros nos seus sonhos e o seu medo de ter um relacionamento que vai acabar em traição.
Eu vou te contar coisas, você vai me contar coisas
e elas não vão me sufocar,
porque a gente vai abrir espaço, empurrar as pessoas, as paredes e as fronteiras, um oceano inteiro no fim do caminho
pro outro poder respirar.
Um oceano inteiro no jardim, que eu vou atravessar a nado, se for preciso
só pra te buscar.

Ou algo do tipo.

Eu não sei onde você 'tá, se você tá ferido, com frio, sozinho. Eu não sei se você tá bem.
Mas eu tô indo te buscar.
Eu não sei como, nem quando, nem onde, nem nada.

Mas eu tô indo te buscar.

Eu prometo.

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