35x14 Timing

Imagem: TingTing Huang

Eu fui o teu primeiro amor, você não foi o meu.

Amou-me,
eu tinha medo demais,
gostava de escrever histórias
e do Daniel Radcliffe.

Não deu.

Cartas de amor nas gavetas,
eu te procurava sem saber pra quê,
tocava seu tapete vermelho pra não ter que te tocar.

Fomos embora,
cada um pra um lado,
se apaixonar pelo mundo, pela música, pelas pessoas.

Aí a gente se encontrou em Maio, talvez tenhamos dançado juntos, mas você nem sabe.
Bebeu, conversamos, você deitou no meu colo. E eu só queria saber de beijos de morango, estranhos com lençóis azuis e da minha prova no dia seguinte.

Passei a vida te dando as costas, e você me vendo ir embora, é o que parece.

Você tinha namorada e eu só queria saber, sem ter que perguntar, se você me amava. Tinha mesmo me amado? Ou era só brincadeira de criança?
Eu olhei, você olhou.
E o momento passou.

Até que eu voltasse, em fevereiro, de um ano escuro, pra me arrancar de você com a boca, disposta a te mostrar que eu não era assim tão boa, te mandar pra casa.
Aí você disse, assim, do seu jeito de criança feliz.
Você disse.
E eu não pude te mandar pra casa. Eu queria ser sua e queria que você fosse meu.
Mas era o ano errado, e eu te dei as costas pra ir embora e não voltar.

E você voltou, e me achou, me desenterrou e me gostou de novo. Mas eu estava ocupada demais não me gostando, pra gostar de alguém.
Você me deu as costas e deu medo, um medo egoísta, que depois passou.

Até você voltar: manso, calmo, puro, de um jeito que não dá pra ter medo, que não dá pra não chegar perto.
Cê tá aí, incrivelmente brilhante. Eu tô aqui, sem amar ninguém, limpa, machucada, cínica, merecedora do mundo.

Podia ser simples, eu te dou o beijo que vai quebrar suas pernas e te fazer ficar, mas porra, a vida é um livro da Jane Austen, esperamos demais.
Esperamos de menos?

Quero te mandar essa mensagem, mudar tudo, te agarrar pelos cabelos, homem.
Mas não sei se tô pronta pra você.
Tô com medo de amor.
E com medo de não te amar.

Você me diz que tá ansioso, insone. Eu tento te curar, te fazer dormir, te ninar,
mas tô é ficando insone por tua causa.

Tô ficando insone.
Por tua causa.
Isso é amor?

Eu não sei.

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