35x16 Twenty-Sixteen

Imagem: TingTing Huang

2016 foi um ano longo, cheio: bom.
Sou grata por ele, por tanta coisa.

Ano de me (re)conhecer.
Cabelos se enrolando devagarinho, feito a hera que cresce nos muros de um jardim.

Comecei o ano lendo meu horóscopo, querendo acreditar em um ano melhor, nas possibilidades, vestida de branco, sem conseguir me desapegar de um velho amor, sem querer me desapegar. E, entre os fogos e desejos de paz, saúde e felicidade, desejei-o, nós dois, juntos de novo.

Era ano novo, mas eu queria o ano antigo. Queria o passado de volta.
Do futuro, eu tinha medo.

O horóscopo veio me dizendo que minha vida viraria de cabeça para baixo, falou de amor, oportunidades, de não desistir quando tudo ficasse difícil, disse que eu iria me apaixonar em setembro.

Ô, ano lindo.

Comecei correndo contra o tempo, lutando pra que tudo desse certo, beijando na boca, enrolando o cabelo, viajei pra ver a Florence, o Mumford, Halsey, Marina, of monsters, com meu melhor amigo, que salvou meu ano, minha vida.
E aí, em Março, em Abril, eu saí, eu beijei, minha Vênus veio e foi embora, sem que eu soubesse se ainda o amava. Decidi que sim.

E a bravura que eu não sabia que ainda tinha me botou na porta da casa dele, cansada de fingir, de esperar, de acreditar nas tecedeiras do meu destino.
"EU AINDA GOSTO DE VOCÊ".
Daí fui esperar a resposta.  Telefone tocou, um mês depois.
Não era ele.
Era um amigo, dizendo que não queria mais ser só amigo.
Deitei no colchão, fui pra terapia, pensei, pensei.
- Não dá, meu bem, tô em outra.

Nós nos despedimos em junho, quanto Setembro chegava galopando.
Agosto, e nada dele chegar me pedindo pra voltar, mas eu já estava estranha.
Eu esperava por Setembro.

Um turbilhão de coisas, briga com a Lola, Martín e setembro me encontrou sentada no tapete com um grande amigo, jogando tarô e percebendo que ia, sim, me apaixonar. Estava escrito.

Outubro, novembro, dezembro, fui assaltada, perdi o prazo, chorei de raiva, virei presidente, fui pedida em namoro e tive que recusar.
Depois Jack e essa dúvida cruel sobre nós dois, pedir desculpas, casa de vó, voltar a escrever.

Puta ano intenso.

Eu aprendi a me amar, a me desintoxicar, decidi mudar minhas opções, parar de deixar que decidissem o que eu devo fazer, quem eu sou.
Eu sei quem sou. E quem quero ser.
Mas não sei de tudo, sei da minha vida, das minhas regras.

Sei que o horóscopo acertou sobre o trabalho, oportunidades, amigos, conversas. E você pode até dizer que setembro não trouxe ninguém.
Mas ó, acabei me apaixonando por mim.

Loucura, eu sei.
E espero que outros piscianos tenham encontrado amor por aí.
Eu encontrei em mim.

Descobri meu corpo, meus cabelos, quem eu era, do que sou capaz, minha vontade de fazer as coisas do meu jeito, ter meus próprios amigos e correr por aí, solta e furiosa.
Tô apaixonada por mim de um jeito que só eu entendo e quero o melhor pra mim, pro meu corpo, pro meu futuro.

Não quero só ser boa moça. Quero ser brava.
Incrivelmente corajosa.
Sou grata pela coragem de dizer o que sinto, de dizer tantos nãos, de dizer tantas bobagens, pelas pessoas que me salvaram os dias.
Com suas mensagens, seus beijos, seu amor:
Foi incrível.

Temo que o próximo ano não seja tão bom, não espero nada.
Começarei aqui, lendo o horóscopo, fazendo planos, com a certeza absoluta de que
whatever will be, will be. 

Feliz ano novo.

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