Imagem: TingTing Huang
Eu tô ficando velha.
Assim, velha.
Preocupo-me com o dinheiro que não tenho, copos que preciso comprar.
Quero casa, meu lar, o cheiro do meu travesseiro, preocupo-me com a irmã que não volta, ouço ruídos inexistentes, imagino tragédias, ofereço sermões.
Quando é que aquela B. que fugiu pra conhecer um cara da internet virou essa, que vê um serial killer no rosto de cada estranho?
Fiquei cínica, me preocupo com o amanhã, a não aposentadoria, o resumo das novelas e as mortes violentas.
Preocupo-me com a política, a saúde alheia, amar e ser amada, com um rapaz que talvez me ame. Preocupo-me com o sexo, com a boca de um cara e as coisas que ele pode me fazer sentir, com um futuro emprego e o sustento da minha família.
Cadê eu, cadê aquela inocência, aquela B. que corria pela madrugada, lépida, a sonhar com rapazes desimportantes, de cujos rostos mal me recordo?
Cadê aquela B.?
Cadê eu?
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