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Imagem: TingTing Huang

Neruda me disse, em segredo, sério, delicado, que amava Matilde, feia Matilde, e seus cabelos.
Na época, eu nada sabia, ou nem sei se já sei, sobre amor.

Sei que dói.
Dói?
Não, não dói.

Amar é querer bem, querer melhor, o melhor que se pode querer.
É querer abrigo, da chuva, do frio, das noites e dos perigos que se escondem na Augusta. Querer que beijos aconteçam, se beijos tiverem que acontecer, sem que se precise saber.

Amor é diferente dessa coisa química de injetar nas veias, desse gosto de sujeira na boca. Amar é apoiar, colo, comida, cavalo, cão de caça.
Amor é essa manhã linda na avenida de nome gringo a me dizer que, B., vai ficar tudo bem.
A me dizer que eu mereço mais, muito mais do que só isso.
Mereço pessoas, histórias boas de se ouvir e bocas boas de beijar, gente gostosa de abraçar.

Merece o mundo, diz a rua, disse a lua.
Digo eu.

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