Imagem: TingTing Huang
Quero morrer.
Existe perigo debaixo do tecido, por fora do tecido, no meu rosto, minha pele e meu nome.
Eu não tiro, eu luto, eu tiro, eu temo por mim, meus irmãos, esse mal que nem existe dentro de mim.
Meu Deus, o que há de errado com quem eu sou?
Deito na praça de uma cidade que me deixou ficar e que me manda embora, no centro de um sonho americano e dos meus pesadelos mais frequentes, debaixo de uma cama num porão, sem saber o que acontece quando a manhã chegar. Eu quero morrer. Não porque estou triste, não crescem em mim baobás, eu quero morrer porque não sei mais sobreviver sem lutar. E porque a luta parece vã, estúpida.
Quero lavar com sangue o tecido da minha roupa e o chão da minha casa, da terra que não é minha, eu quero morrer, eu quero viver, eu quero sair de casa mostrando quem sou, ter filhos e falar francês, eu não quero o fim do mundo como conhecemos, eu quero fazer parte do mundo e da história, quero não ter medo, nunca mais ter medo
Não é o que todo mundo quer?
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