Imagem: TingTing Huang
Não falou comigo.
Primeiro, aquela dor, aquela vontade, o peito a se rasgar em dois, em dez "fala comigo".
Por mensagens subliminares, telepatia ou sinais de fumaça,
"fala comigo".
Contei as horas, os segundos, os anos, as eras.
Achei que, em algum momento, como um sinal, você viria.
"Fala comigo".
Sem pensar, acabei fazendo promessas silenciosas, dizendo não e sim, a torto a à direito.
"Fala comigo"
Não dói falar comigo.
Mas doeu.
Tapa na cara, soco no estômago acordar sabendo que quem te amava era eu.
Sentei no sofá da sala, desolada.
Eu andei amando sozinha.
Levantei, limpei a sala e depois o resto da casa, esfreguei o chão até que os braços doessem e descobri algo simples, tão simples e complexo e ingênuo e diabólico, escondido entre as roupas que eu jogara no chão, o pó das cortinas e os fios de cabelo caídos pela casa:
Eu não preciso de você.
Corri a me olhar no espelho, perguntar-me se tinha certeza daquilo, não era possível.
Eu não preciso de você.
Horror dos horrores, comecei a rir de nervoso, com medo de que o mundo soubesse, com medo de estar fazendo algo antinatural.
"Eu não preciso de você", sussurrei, com bravura, pro universo infinito, pra chegar nos teus ouvidos e te acordar, ou pra não chegar nunca, sei lá.
Ainda fiquei com medo, ainda estou com medo de que seja passageiro. Mas não acho que seja.
Eu não quero mais precisar.
E acho que estou no caminho certo.
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