Imagem: TingTing Huang
2005
Eu estava deitada no chão, chorando, dramática, mais infeliz do que eu achava que poderia ser na vida toda.
- Por que você gosta dele? Ele é idiota. E nem sabe que você existe.
Naquele momento, eu pensei uma coisa que penso até hoje, em momentos como aquele "se eu ganhasse uma moeda pra cada vez que já ouvi isso..."
E isso diz algo sobre mim, eu suponho.
Mas, naquele momento, eu continuei deitada, contendo qualquer ruído, e chorando, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Eu achava que nunca ia parar de doer.
E David estava lá, me julgando, me dizendo que eu estava sendo estúpida, que eu
Tanta coisa, tanta coisa se perdeu na lembrança daquela noite.
Ele estava preocupado, zangado
porque eu estava apenas iniciando um comportamento que viria a repetir minha vida toda,
eu estava escolhendo o impossível,
amando uma pessoa que eu tinha inventado.
Eu poderia tê-lo amado.
Amado pessoas que me amaram e eu nunca entendi a razão.
Mas eu queria o impossível,
eu queria me deitar no chão e chorar,
eu queria a dor de não poder ser amada.
- Levanta daí.
Mas eu não me levantei.
Eu queria sucumbir, eu não queria mais nada,
a vida nem fazia mais sentido,
então ele se deitou no chão comigo, derrotado,
e me fez cafuné, enquanto dizia coisas boas
coisas bonitas, das quais eu queria me lembrar, mas se perderam,
porque o meu estilo de vida não permite que as coisas boas permaneçam.
Só o que é ruim fica.
Ele me olhou nos olhos, cochichou no meu ouvido
e só agora, quase 12 anos depois,
é que me bate uma curiosidade de saber o que ele disse.
De saber me ver pelos olhos dele.
Por que é que eu estava chorando, afinal?
Disso eu me lembro, é claro.
Mas não importa, não agora.
O que importa são as palavras de que não me lembro,
a pessoa que se deitou do meu lado, sem poder fazer nada,
a coceira que aquele tapete me deu depois,
a cor de verniz do guarda roupas antigo.
12 anos depois, é só isso o que importa.
E, daqui a 12 anos,
o que vai importar não é a repetição de padrões ou a chateação que causam certas coisas,
mas aquele dia em que você usou seu quimono e ele olhou pra você como se você fosse única no mundo,
ou uma tarde passada na chuva,
coisas boas que as pessoas dizem, das quais você nem precisa lembrar direito pra saber como te fazem sentir,
aquela tarde em que você leu um livro que te fez sentir mais forte,
e a sensação boa de se manter sã,
as pessoas que te mantiveram sã.
Então, respire fundo,
aguente firme,
chore deitada no chão, se precisar
nada disso fica.
Felizmente, ou não,
tudo é por enquanto.
37x19 Keep your heart strong
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