32x01 Loud and Clear

Imagem: TingTing Huang

A memória falha, me recordo de peças soltas.
Minha camiseta da Marilyn, saia nova - azul.
E você me dizendo que ia viajar.
Entrei em pânico.
Quando foi mesmo que eu decidi que não iria esperar porra nenhuma, que iria à luta, dar a cara a tapa pra você bater com um grande não (ou um grande sim)?
Tinha recém decidido não fazer a mínima ideia do que ia fazer.
Aí te vi, e eu soube,
que nada nem era mais uma opção.

Escovei os dentes,
comuniquei o fato ao grande conselho de amores da minha vida,
e te mandei mensagem.

A tarde inteira foi passada assim, as tripas se sacudindo, eu nervosa, olhando o celular a cada segundo, sem saber o que fazer, o que pensar.

Fui pra casa.
Tomei banho, comi, tentei ler, e li.
Estômago furioso.
Levei minha irmã, busquei minha irmã.
E você nada de chegar.

Eu queria gritar, gritar e rir e chorar.
Ao invés disso, dancei, na sala escura.
Dog days are over.
Shot at the night.
Little Lion Man.
Babel.

E tua mensagem chegou.
Fui pra tua casa.
E tinha uma mulher de robe vermelho na portaria.
Que loucura.
Eu pensei em dar meia volta,
mas toquei a campainha.

E você desceu.

E você desceu.

E você desceu.

Uau.

Todas as palavras foram embora, e eu fiquei boba. O cérebro derreteu, eu só conseguia rir e olhar pra sua cara.
Aí você me perguntou se eu queria água.
Mas eu queria ar.
Eu queria palavras.
E elas não vinham.

Conversamos amenidades.
(Obrigada)
E eu fui relaxando aos poucos,
lentamente,
as palavras foram voltando, meio arredias,
e saindo aos pouquinhos.

Arrisquei um "Eu ainda gosto de você".

E elas jorraram de volta,
o ar voltou,
e eu soube que arriscaria de novo e de novo e de novo.

Sim, não, talvez.

Eu disse.
Eu tive coragem.

Uau.

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