Imagem: TingTing Huang
A memória falha, me recordo de peças soltas.
Minha camiseta da Marilyn, saia nova - azul.
E você me dizendo que ia viajar.
Entrei em pânico.
Quando foi mesmo que eu decidi que não iria esperar porra nenhuma, que iria à luta, dar a cara a tapa pra você bater com um grande não (ou um grande sim)?
Tinha recém decidido não fazer a mínima ideia do que ia fazer.
Aí te vi, e eu soube,
que nada nem era mais uma opção.
Escovei os dentes,
comuniquei o fato ao grande conselho de amores da minha vida,
e te mandei mensagem.
A tarde inteira foi passada assim, as tripas se sacudindo, eu nervosa, olhando o celular a cada segundo, sem saber o que fazer, o que pensar.
Fui pra casa.
Tomei banho, comi, tentei ler, e li.
Estômago furioso.
Levei minha irmã, busquei minha irmã.
E você nada de chegar.
Eu queria gritar, gritar e rir e chorar.
Ao invés disso, dancei, na sala escura.
Dog days are over.
Shot at the night.
Little Lion Man.
Babel.
E tua mensagem chegou.
Fui pra tua casa.
E tinha uma mulher de robe vermelho na portaria.
Que loucura.
Eu pensei em dar meia volta,
mas toquei a campainha.
E você desceu.
E você desceu.
E você desceu.
Uau.
Todas as palavras foram embora, e eu fiquei boba. O cérebro derreteu, eu só conseguia rir e olhar pra sua cara.
Aí você me perguntou se eu queria água.
Mas eu queria ar.
Eu queria palavras.
E elas não vinham.
Conversamos amenidades.
(Obrigada)
E eu fui relaxando aos poucos,
lentamente,
as palavras foram voltando, meio arredias,
e saindo aos pouquinhos.
Arrisquei um "Eu ainda gosto de você".
E elas jorraram de volta,
o ar voltou,
e eu soube que arriscaria de novo e de novo e de novo.
Sim, não, talvez.
Eu disse.
Eu tive coragem.
Uau.
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