Early Cuts: Ato Falho

Imagem: TingTing Huang

Chamei-o pelo seu nome.
Baixo, me assustei, ele não ouviu.
Mas não foi a primeira vez.

Quando me perguntam o nome dele, seu nome me vem à boca.
Bizarro.

Sonhei com você, foi estranho.
Acordei e te pus pra fora da cabeça.
Não quero você. É só um sonho.

Andei carente da tua companhia, assim meio órfã desse teu jeito de me fazer sentir patética.
Você vem e me faz dar risada, vai embora e tudo bem: não ligo.
Chamo, sem chamar, e você vem: sou muito grata por isso.
Tudo acaba esquisito, mas já me acostumei, tento não remoer, não remexer tanto.

Não me sinto mais como antes.
As pessoas me perguntam se "temos alguma 'coisa'". Digo que não, de forma casual. Não, não temos.
E me pergunto por que é que pensam isso, se eu não penso.
Aí me perguntam se eu ficaria com você e eu digo que sim, claro, óbvio, rio.

Mas não.

Não, é claro que não, penso.
E justifico, com milhões de razões, das quais me esqueço, logo depois de inventá-las.

Eu não quero. Eu não sinto nada disso por você, nem um pouco dessa bagunça é sua, e você não tem a obrigação de ficar pra limpar.

Mas também teve o sonho, que significava que nego estar atraída por você, embora esteja.
E daí?
Talvez eu esteja.
Mas não ligo, não preciso pensar sobre isso.

Por que é que a gente tem essa mania de analisar tudo? De saber tudo, de entender tudo, de estar certo sobre tudo?

É um cara, eu sou uma garota, ele faz meu tipo às vezes. mas eu não tenho necessariamente que atacá-lo. E não, eu não "perdi minha chance" porque eu nunca vi isso dessa maneira.

Então é, pode me tocar sem medo, me lançar todos os sinais que eu normalmente interpretaria como verdes, pode aparecer no meio da noite, pode desaparecer na penumbra como se nem tivesse existido, me falar em enigmas, ignorar minha existência. E eu vou chamar rapazes pelo seu nome, vou pensar em você nos momentos mais inoportunos e falar seu nome a cada 20 palavras que eu disser.

Não se assuste, ok?
Eu amo* você,
mas é só isso: uma questão de semântica.

0 comentários: